sábado, 8 de janeiro de 2011

Creatina

                 A creatina já era conhecida desde o século passado (Greenhaff, 1995); porém, sua função no metabolismo muscular e no desempenho físico tornou-se motivo de interesse nos anos recentes.
Na célula muscular, a creatina em sua forma fosforilada, creatina-fosfato (CP), constitui uma reserva de energia para a rápida regeneração do trifosfato de adenosina (ATP), em exercícios de alta intensidade e curta duração, como por exemplo, durante um sprint de 100m rasos ou em uma seqüência de levantamento de peso em um treino de halterofilismo.
                A creatina orgânica tem duas fontes, a síntese pelo próprio organismo, a partir de 3 aminoácidos; e a ingestão de alimentos, especificamente das carnes (Redondo et al., 1996). O pool orgânico desta substância encontra-se localizado quase na sua totalidade (95%) na musculatura esquelética e sua regeneração após um exercício intenso é um processo dependente da via oxidativa (Mayes, 1996).
                A maioria dos estudos de suplementação com creatina tem mostrado a possibilidade de aumentar o pool orgânico deste composto em 10 a 20%, embora alguns estudos tenham evidenciado acréscimo de até 50% em seus níveis totais, após a suplementação em indivíduos não vegetarianos (Burke & Berning, 1996). Estes autores relatam que em atletas vegetarianos o aumento chega em torno dos 60%. A ampliação da reserva de energia no músculo através da creatina tem permitido aprimorar o desempenho físico de atletas (Volek et al., 1997; Ziegenfuss et al., 1997). Contudo, nem todas as pesquisas têm mostrado efeitos significativos após a suplementação com este composto (Dawson et al., 1995; Terrillion et al., 1997).


                São considerados recursos ergogênicos as substâncias (entre elas a creatina), os processos, ou os procedimentos que podem, ou são percebidos como sendo capazes de melhorar o desempenho esportivo (Williams, 1998). O consumo de alguns destes recursos ergogênicos pode ter resultado positivo para as provas de dopagem, portanto são vetados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). A creatina está fora da lista de substâncias proibidas pelo COI, por isso seu consumo não é considerado como doping.

Fornecimento anaeróbio de energia: sistema ATP-CP

               Durante os primeiros segundos de um exercício intenso, a concentração muscular de ATP é mantida em nível mais ou menos constante. O ATP utilizado é rapidamente reposto a partir da quebra da CP. Assim, os níveis de CP diminuem rapidamente à medida em que este composto é usado para regenerar o ATP. Quando o exercício físico é levado até a exaustão, tanto as concentrações musculares de ATP quanto as de CP ficam diminuídas, tornando-as indisponíveis para o fornecimento energético de forma eficiente para a continuação do trabalho muscular.
 Suplementação com creatina

               A creatina como suplemento parece não aumentar a concentração de ATP muscular de repouso, mas parece ajudar a manter os níveis de ATP durante um esforço físico máximo (Greenhaff et al., 1993). A suplementação com este composto aumenta o pool de creatina corporal, o que potencialmente facilitaria a geração de maior quantidade de CP. O efeito ergogênico pode ser específico para certos tipos de esforço físico, como por exemplo: exercícios repetitivos (intermitentes), de alta intensidade, curta duração e com períodos de recuperação muito curtos (American College..., 1999). É possível ainda a suplementação com creatina permitir ao atleta se engajar em um treino físico mais intenso, o qual eventualmente poderia se traduzir em uma melhora do desempenho físico (Kreider, 1998; Williams, 1998).
               A suplementação para atletas é feita na forma de creatina monohidratada, um pó branco solúvel em água. A quantidade armazenada de creatina durante a suplementação é muito variável entre indivíduos; estas variações sugerem que a captação desta substância é dependente de diferentes fatores, incluindo diferenças na composição da dieta, conteúdo muscular inicial deste composto, sexo, composição de fibras musculares (GuerreiroOntiveros & Wallimann, 1998).
              Os atletas vegetarianos quem mais se beneficiam com a suplementação com creatina. Suas dietas não contêm fontes deste composto, por isso, apresentam baixos níveis deste elemento no organismo. O consumo de suplementos desta substância tem mostrado possibilidade de aumento na concentração de creatina muscular de aproximadamente 60%, quando comparado com outro grupo alimentado com dieta mista (10  20%) (Burke & Berning, 1996).      

               Por um lado, são diversas as pesquisas relevando melhora do desempenho físico e/ou mudanças na composição corporal em atletas em função da suplementação com creatina (Balsom et al., 1995; Vandenberghe et al., 1996; Grindstaff et al., 1997; Vandenberghe et al., 1997; Volek et al., 1997; Ziegenfuss et al., 1997). Por outro lado, estudos bem controlados não têm evidenciado alterações significativas na performance, após esta suplementação (Dawson et al., 1995; Redondo et al., 1996; Terrillion et al., 1997).
              Conseqüentemente, embora possa ser evidenciada alguma vantagem decorrente da suplementação com este composto, nem todo indivíduo que consome tal substância será necessariamente beneficiado com um melhor desempenho desportivo.
 
 Conclusão
 
              O consumo de creatina, substância ergogênica não considerada como doping pelo Comitê Olímpico Internacional, tem se mostrado efetivo na melhoria do desempenho esportivo, porém, em condições específicas de exercício, principalmente em modalidades de curta duração, alta intensidade e períodos curtos de recuperação. Este efeito seria devido ao aumento dos níveis musculares de creatina, o qual poderia potencializar a rápida regeneração do ATP. A suplementação seria mais efetiva naqueles indivíduos com níveis iniciais baixos deste composto nos músculos, como vegetarianos e idosos. Os efeitos ergogênicos desta substância podem ser aumentados quando consumida com glicose, mas a quantidade do carboidrato deve ser grande. É importante ressaltar que não são poucos os trabalhos bem controlados sem demonstração de benefício significativo com o consumo de creatina. Não há, ainda, evidência conclusiva sobre efeitos colaterais de seu uso. Faltam também mais estudos para determinar se o aumento de peso decorrente do seu consumo é devido à retenção de água ou a um aumento verdadeiro da síntese de proteínas.
 Para mais informações acesse:


2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog buddy!

    Tenho uma dúvida sobre o uso da creatina e outros suplementos.
    Após utilizar durante algum tempo é possível que o corpo se habitue a esse suplemento e depois quando deixar de o tomar os exercícios que praticava habitualmente se tornarão mais difíceis de fazer?

    Abraço!

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  2. Pedro, então, quando você utiliza algum suplemente é porque está precisando de alguma "substância" para complementar e otimizar o processo do seu treino. A creatina deve ser tomada por tempo determinado, pois possui alguns efeitos colaterais a longo prazo e é utilizada normalmente para treinos de forço, que exijam muito do aluno.
    Quando o suplemento é retirado, naturalmente seu corpo vai perceber que aquela substância não está mais lá e vai "voltas a homeostase", mas as melhoras conseguidas com eles vão ser mantidas e se os estímulos de treinos forem suficientes, as melhoras continuaram aparecendo...

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