terça-feira, 29 de novembro de 2011

Trabalho acadêmico - Ação muscular excêntrica


Realizamos um trabalho sobre a ação muscular excêntrica e gostaríamos de compartilhar com vocês.
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Integrantes:

AGNES VASCONCELOS ARREGUY
CARLOS ALBERTO DUQUE
FERNANDA RESENDE LOBATO
JÚLIO CESAR ALVES TOMAZ
WHYARA ALVES FERREIRA


1. Intensidade. Visualize um treino executado através de repetições compostas de ações concêntricas e excêntricas com mesma duração. Agora se a carga durante uma dessas ações musculares for maior que a outra isso provocaria diferenças nos ganhos de força? Determine qual ação muscular você gostaria de acentuar a carga e justifique como essa mudança na intensidade irá proporcionar maiores ganhos de força.


Segundo BARROSO et al. (2005), as ações excêntricas (AE) possuem características únicas que as diferenciam das ações concêntricas (AC) e isométricas. Entre essas diferenças estão as características mecânicas que permitem que o músculo durante a ação excêntrica produza mais força.

 A maior hipertrofia decorrente desta contração parece estar associada a fatores como a maior ocorrência de danos ao tecido muscular, ao maior grau de tensão sobre cada fibra muscular ativa, visto que menos unidades motoras (UM) são recrutadas e ao alongamento a qual estas fibras são submetidas em sua execução. Apesar de recrutar um menor número de UM, consegue-se produzir mais força, comparada a ação concêntrica e isométrica (HIGIBIE et al., 1996).

Deve haver carga adicional durante a fase excêntrica do exercício para que o músculo se adapte, aumentando sua área de secção transversa. A sobrecarga mecânica amplia os danos promovidos pelo exercício excêntrico ao tecido muscular, sendo um estímulo ao reparo e, conseqüentemente, a hipertrofia muscular (FARTHING; CHILIBECK, 2003 apud DINIZ; BARROS, 2009). Portanto, ações excêntricas, isoladas ou não, por alongarem as fibras musculares em contração, toleram maiores níveis de sobrecarga mecânica que as demais contrações e danificam o tecido muscular, promovendo alterações na expressão gênica deste tecido que culminam na hipertrofia muscular.

Os aspectos das contrações excêntricas ao nível celular ocorrem da seguinte maneira: “(...) elementos elásticos, que são encontrados tanto nas cabeças de miosina quanto nas proteínas que ancoram e estabilizam os miofilamentos no sarcômero como a titina e a desmina, também oferecem resistência ao alongamento dos sarcômeros. Enquanto o músculo é alongado, a tensão passiva, que é a resistência oferecida pelos elementos elásticos ao alongamento, aumenta. Essa força passiva também contribui com a força gerada durante a AE” (BARROSO et al., 2005). As maiores alterações morfológicas ocasionadas pelas contrações excêntricas estão relacionadas com as estruturas dos miofilamenos, dos sarcômeros e das linhas Z (CLEBIS e NATALI, 2001). Portanto, os componentes contráteis musculares armazenam energia elástica e a convertem em energia mecânica durante a contração muscular, contribuindo para a geração de tensão (DINIZ e BARROS, 2009).

É interessante notar que a hipertrofia decorrente do treinamento com apenas AE se manifesta especialmente em fibras do tipo II. Esse padrão de hipertrofia pode estar associado ao recrutamento seletivo desse tipo de fibra durante a realização das AE e/ou ao grau de dano muscular causado pela AE, que é maior neste tipo de fibra (BARROSO et al., 2005). “Os músculos que reagem muito rapidamente são compostos por grande maioria de fibras rápidas com um número muito pequeno de fibras muito lentas” (GUYTON, 1997).

É importante salientar a especificidade do gesto motor, aplicabilidade e objetivo do treinamento, apesar da adaptação muscular ser similar em ambas as ações musculares elas vão ser dependentes do treinamento realizado. Logo, hipertrofia muscular e adaptações neurais contribuem para o aumento de força, independente do tipo de ação, seja ela concêntrica ou excêntrica. 

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2. Duração. Visualize um treino executado através de repetições compostas de ações concêntricas e excêntricas com mesma duração. Se você alterasse a duração de uma ação muscular durante um treino isso afetaria o resultado de que maneira?


As duas maiores variáveis que influenciam a especificidade do treino são o modo de contração muscular e a velocidade do movimento (PADDON et al., 2005, apud DINIZ e BARROS, 2009). Sabe-se que o aumento desse parâmetro favorece a geração de tensão durante as ações excêntricas e que o contrario ocorre durante as ações excêntricas. Segundo Fleck e Kraemer (1999), à medida que a velocidade do movimento aumenta a força que o músculo pode desenvolver excentricamente (se alongando) aumenta de fato. Acredita-se que isto seja causado em parte pelo componente elástico do músculo. (…) É interessante notar que a força excêntrica em velocidades mais baixas é maior que nas maiores forças concêntricas ou isométricas.

De acordo com os mesmos autores, empiricamente se faz verdadeiro que o aumento da velocidade de movimento corresponde a uma diminuição de força que o músculo pode produzir concentricamente (enquanto se contrai). Encontra-se também a afirmativa de que a velocidade máxima de encurtamento ocorre quando nenhuma carga está sendo movida ou levantada. Sendo esta determinada pela proporção máxima na qual as pontes transversas podem se ligar e se desfazer com as partes ativas da actina.

Portanto, pode-se inferir que em trabalhos com mesma carga, para ações concêntricas, velocidades menores proporcionam um melhor ganho de força. E para ações excêntricas é mais interessante o trabalho em velocidades maiores. Isso é sustentado pelo gráfico “Curva força-velocidade (adaptado de Enoka, 2002), encontrado no artigo de título “ADAPTAÇÕES NEURAIS E MORFOLÓGICAS AO TREINAMENTO DE FORÇA COM AÇÕES EXCÊNTRICAS” de BARROSO et al., (2005).
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Referências Bibliográficas: 

BARROSO, Renato; TRICOLI, Valmor; UGRINOWITSCH; Carlos. Adaptações neurais e morfológicas ao treinamento de força com ações excêntricas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. São Paulo, 2005; 13(2): 111-122.

CLEBIS, Naianne Kelly; NATALI, Maria Raquel Marçal. Lesões musculares provocadas por exercícios excêntricos. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Brasília, 2001; v. 9 n. 4 p.

DINIZ, Lívia Santos; BARROS, Marcelle L. Guimarães. Características da contração muscular excêntrica e sua relação com as lesões musculares por estiramento: uma revisão da literatura. Disponível em: < http://www.eef.ufmg.br/biblioteca/1726.pdf > Acesso em: 30/out/11.

HIGIBIE, Elizabeth J; CURETON, Kirk J; WARREN, Gordon L. Effects of the concetric and eccentric training on muscle strength, cross-sectional área, and neural activation. Journal of Applied Physiology, 1996.

FLECK. Steven J. Fundamentos do treinamento de força muscular. 2ª Edição. Porto alegre: Artmed, 1999.
GUYTON, Arthur C. Tratado de fisiologia médica. 9ª Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997

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